segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Fernando

A alma estava livre da má fé, com boas intenções. O passado estava redimido, e o futuro pertencia somente ao futuro, e não mais assustava. O dia passava sem pressa, bem calmo, direito. Olhou para o horizonte e tentou enxergar além.
Estavam em dois; um já sabia que o sorriso era o segredo de tudo, mas o outro ainda não. Porém ele tinha que descobrir; é isso que devemos fazer pelas pessoas, fazê-las ver bem mais do que se dizem capazes, ou melhor, do que os outros a fizeram acreditar que são capazes.
Era primavera, e de onde estavam sentados dava não para somente ver a natureza, mas senti-la, conseguiam sentir todas as folhas, todas as flores, sentiram-se como se fossem o raio de sol, o vento, as nuvens.
Sentiram-se como se realmente fizessem parte de algo enorme e misterioso, e realmente faziam.
Mas os dois mal se olhavam. Não por receio, vergonha, ou qualquer tipo de mediocridade. Faltavam palavras.
As nuvens desenhavam coisas loucas no céu, e numa dessas, elas desenharam também o destino dos dois, e olha só que engraçado, estavam cruzados.
O vento bateu de novo, e nesse impulso, a alma livre contou a verdade:
- Eu sei o que você tem. Você está atrás de amor, como TODAS as pessoas do mundo. É só isso que eles querem e só isso que você precisa dar.
Virou novamente o rosto para o infinito e calou-se pelo resto dos dias, com sua alma livre, tranquila.

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